quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

"É cedo para responsabilizar grupos islâmicos pelo ataque em Paris", diz professor

"É cedo para responsabilizar grupos islâmicos pelo ataque em Paris", diz professor


Reprodução
Para Reginaldo Nasser, os preconceitos com os imigrantes podem aumentar e reforçar um sentimento nacionalista; Ataque de três homens armados ao jornal parisiense deixou ao menos 12 mortos


07/01/2015
Por Bruno Pavan,
Da Redação


A manhã desta quarta-feira (7) começou tumultuada após um ataque à redação da revista satírica francesa Charlie Hebdo. De acordo com a polícia, três homens encapuzados invadiram o local e mataram ao menos 12 pessoas: dez jornalistas e dois policiais.

O professor de Relações Internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser acredita que o ataque terrorista tenha sido muito bem planejado e que era direcionado a matar um pequeno grupo de pessoas.

“Pela escolha das armas, já se pode observar que o ataque era direcionado. Uma bomba, por exemplo, pode matar muito mais pessoas e não era isso que eles tinham planejado. Outro aspecto é que o ataque foi muito bem organizado, por algum grupo que tem força e estratégia pra isso. Não foram só três pessoas que foram lá e resolveram que iria matar os jornalistas”, explicou.

Nasser também destaca que, de acordo com os vídeos disponíveis na internet, os terroristas agiram com muita tranquilidade e isso expõe falhas gravíssimas no sistema de segurança francês.

Os responsáveis

 
  
A revista é conhecida por seu humor ácido e provocativo. Em 2011, publicou a polêmica charge de Maomé e, em sua última edição, estampou em sua capa uma sátira ao nascimento de Jesus Cristo. Após o ataque, rapidamente começaram a surgir insinuações de que grupos islâmicos estariam por trás da tragédia por conta da sátira do profeta Maomé publicada pelo jornal.

O professor diz que é preciso tratar o assunto com muito cuidado para não chegarmos a conclusões precipitadas, pois elas podem custar caro. “Temos que investigar agora quais são os responsáveis. Claro que pode ser grupos islâmicos, mas não podemos excluir, por exemplo, a possibilidade de ser um ataque da extrema-direita francesa, como foi na Noruega anos atrás”, ponderou.

Significados políticos

A extrema direita europeia vem ganhando cada vez mais adeptos por todo o continente. Com um discurso xenófobo, anti imigração e ultra-nacionalista, ganham simpatia em tempos de crise econômica europeia. Na França, Marine Le Pen é a principal figura desse pensamento e é a favorita para vencer as eleições em 2017.

“Há de fato uma situação conturbada na França e que vai piorar a partir de agora, os preconceitos com os imigrantes podem aumentar e reforçar um sentimento nacionalista. Le Pen é a representante de um pensamento xenófobo no país. Mas temos que esperar ainda pra ver quais serão dos desdobramentos quando se descobrir os culpados”, encerrou.

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