sábado, 14 de fevereiro de 2015

O Globo publica informação falsa sobre alteração na Wikipédia com IP do Planalto


Dilma Rousseff
 compartilhou a foto de Palácio do Planalto.
1 h · 
COMBATENDO A DESINFORMAÇÃO
‪#‎QuebrandoMitos‬ A Secretaria-Geral da Presidência da República publicou nota em resposta à matéria "Wikipédia: computador do Planalto muda verbete sobre muçulmanos", publicada no jornal O Globo neste sábado (14). É uma informação falsa que o IP que alterou o artigo “Muçulmanos” é do Palácio do Planalto. Assim como não é verdade que Presidência não se pronunciou até o fechamento da edição. Leia na íntegra: goo.gl/yJrTBl
Sábado, 14 de fevereiro de 2015 às 14:13

O Globo publica informação falsa sobre alteração na Wikipédia com IP do Planalto

Quebrando mitos
Matéria do jornal O Globo “Wikipédia: computador do Planalto muda verbete sobre muçulmanos”, publicada neste sábado (14), atribui falsamente a IP do Palácio do Planalto alteração em artigo “Muçulmanos” na Wikipédia.
O jornal não teria dado essa barrigada se tivesse feito a pesquisa básica no portal Registro.br para checar a informação. Se o veículo quisesse, de fato, divulgar a verdade, teria esperado a resposta enviada pela Secretaria-Geral da Presidência da República, conforme especificado nos horários de início e fim do atendimento na nota.
Confira a nota na íntegra:
Em resposta à matéria “Wikipédia: computador do Planalto muda verbete sobre muçulmanos”, publicada na edição deste sábado, 14, no Jornal O Globo, a Secretaria-Geral da Presidência da República esclarece:
– O jornal publicou uma informação falsa. O IP que alterou o artigo “Muçulmanos” na Wikipédia não é da Presidência;
- se o jornal quisesse publicar a verdade, deveria, no mínimo, ter feito uma busca no portal Registro.br no qual teria confirmado que o IP não é mesmo da Presidência;
- também não é verdade que a Presidência não se pronunciou até o fechamento da edição. A troca de emails entre o jornal, a Secretaria de Imprensa da Presidência e a assessoria da Secretaria Geral começou às 20h22 com o pedido do repórter e terminou à 00h14 com a informação final de que o IP não era mesmo da Presidência.

Sábado, 14 de fevereiro de 2015 às 14:13

O Globo publica informação falsa sobre alteração na Wikipédia com IP do Planalto

Quebrando mitos
Matéria do jornal O Globo “Wikipédia: computador do Planalto muda verbete sobre muçulmanos”, publicada neste sábado (14), atribui falsamente a IP do Palácio do Planalto alteração em artigo “Muçulmanos” na Wikipédia.
O jornal não teria dado essa barrigada se tivesse feito a pesquisa básica no portal Registro.br para checar a informação. Se o veículo quisesse, de fato, divulgar a verdade, teria esperado a resposta enviada pela Secretaria-Geral da Presidência da República, conforme especificado nos horários de início e fim do atendimento na nota.
Confira a nota na íntegra:
Em resposta à matéria “Wikipédia: computador do Planalto muda verbete sobre muçulmanos”, publicada na edição deste sábado, 14, no Jornal O Globo, a Secretaria-Geral da Presidência da República esclarece:
– O jornal publicou uma informação falsa. O IP que alterou o artigo “Muçulmanos” na Wikipédia não é da Presidência;
- se o jornal quisesse publicar a verdade, deveria, no mínimo, ter feito uma busca no portal Registro.br no qual teria confirmado que o IP não é mesmo da Presidência;
- também não é verdade que a Presidência não se pronunciou até o fechamento da edição. A troca de emails entre o jornal, a Secretaria de Imprensa da Presidência e a assessoria da Secretaria Geral começou às 20h22 com o pedido do repórter e terminou à 00h14 com a informação final de que o IP não era mesmo da Presidência.
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Decisão da China viabiliza retomada do Brasil pela indústria básica

Decisão da China viabiliza retomada do Brasil pela indústria básica

A construção com apoio chinês de um colar de siderúrgicas e metalúrgicas representaria a oportunidade para a retomada da economia brasileira a altas taxas.


J. Carlos de Assis*
Ana de Oliveira/AIG-MRE - Flickr
Em decisão que pode ajudar a viabilizar no Brasil o maior programa de investimentos em indústrias básicas desde o II Plano Nacional de Desenvolvimento, o Conselho de Estado da China anunciou política de apoio a investimentos diretos no exterior por parte das indústrias siderúrgica e de metais não ferrosos, além de construção e transporte. É a deixa chinesa para o Projeto Transul, de siderurgia e metalurgia, que um grupo de especialistas em torno da Coppe/UFRJ, do instituto Intersul e do Clube de Engenharia vem propondo desde o ano passado em conversas com empresários do setor e funcionários do Governo.
 
O Projeto Transul surgiu no âmbito da Conferência BRICS no Século XXI, em maio do ano passado, no Rio, a partir da constatação de que  a A América do Sul e o Brasil em particular ressentem-se da queda tendencial das taxas de crescimento econômico que, no caso brasileiro, refletiram o esgotamento de um ciclo de consumo que afetou seriamente a demanda agregada e o investimento. Com a redução de preços e quantidades exportadas de commodities minerais e agrícolas, as posições anteriormente superavitárias na balança comercial diminuíram drasticamente e em muitos casos transformaram-se em déficit, o que agravou sensivelmente os déficits em conta corrente com o exterior, reduzindo o espaço de manobra da política macroeconômica.
 
Nossa alternativa é intensificar o esforço exportador. Contudo, estamos limitados, do lado das commodities minerais e agrícolas, pelo cenário internacional de recessão ou baixo crescimento em todos os países industrializados avançados. A China tem sido a exceção, mas ela própria sente os efeitos da desaceleração da economia. A produção e exportação de manufaturas pelo país esbarra, a seu turno, na concorrência chinesa e na situação de deflação na Europa e no Japão. Com isso, só resta ao Brasil intensificar a exploração e industrialização de recursos naturais e agrícolas, em base autossustentável, de forma a alavancar o seu desenvolvimento.
 
A China consegue manter um ritmo invejável de crescimento econômico, contribuindo dessa forma para aliviar a crise econômica mundial. Entretanto, com base em fontes chinesas confiáveis, sabemos que o país se defronta com sérios problemas de poluição, especialmente em suas metrópoles, e de aguda escassez de água. A preocupação do Governo chinês com essa situação está espelhada num programa de recuperação e preservação ambiental de mais de 600 bilhões de dólares em cinco anos. O recente acordo com os EUA também denota o sentido de responsabilidade que a liderança chinesa tem em relação às questões ambientais.
 
Nossa única dúvida inicial em relação ao Projeto era a reação chinesa a uma eventual proposta brasileira para sua viabilização. Essa dúvida foi dissipada agora pelo Conselho de Estado abrindo caminho para negociações concretas que espero sejam imediatamente propostas pelo Governo brasileiro. Na essência, o Projeto Transul se propõe a articular uma aliança estratégica entre o Brasil e a China, a ser oportunamente estendida a outros países da América do Sul e dos BRICS, no sentido de vincular a retomada do desenvolvimento industrial brasileiro aos programas de exportação e de controle ambiental chineses. Seu objetivo específico consiste em propor à China o outsourcing parcial dos metais, de forma a que o aumento do consumo chinês de metais, no futuro, tendo em vista inclusive a construção anunciada de 30 megalópoles até 2030, seja atendido por produção desses metais no Brasil por empresas brasileiras, ou sino-brasileiras. O Conselho de Estado, como visto, abriu essa possibilidade.
 
As vantagens para a China em termos de controle de poluição e de economia no consumo de água seriam evidentes. A perda em emprego seria irrelevante, tendo em vista que a produção no Brasil (ou na América do Sul) substituiria apenas um elo na produção e uso do aço e de outros metais, ficando a cadeia superior de manufatura intocada, e virtualmente livre de atividade poluidora.  O Brasil, a seu turno, se beneficiaria da geração de emprego, da agregação de valor às matérias primas (inclusive petróleo), e, sobretudo, da contribuição da produção e exportação de metais para a estabilização do balanço de pagamentos.
 
O investimento produtivo no Brasil poderia ser arquitetado na base de Project finance, isto é, seria contratada com a China venda futura a longo prazo dos metais a serem produzidos por cada uma das empresas, exclusivamente para exportação, sendo que esses contratos seriam utilizados como garantia do financiamento por bancos chineses ou pelo futuro Banco dos BRICS. Brasil e China se comprometeriam a garantir tecnologia de controle ambiental no estado da arte para as empresas a serem construídas, assim como a promover as melhores políticas sociais vinculadas ao Projeto. E ao Brasil competiria assegurar a infraestrutura logística do sistema com garantia dos financiamentos, por exemplo, pela CIDE combustíveis.  
 
Se o programa chinês de controle e preservação ambiental contemplar a desativação de siderúrgicas e outras metalúrgicas tecnologicamente obsoletas, poderia se estabelecer um mecanismo compensatório pelo qual à desativação de uma usina na China corresponderia a construção de usina com capacidade produtiva equivalente, não poluidora, no Brasil. Em consequência, o balanço ambiental seria altamente positivo em termos mundiais. O fato de que o mercado de aço, atualmente, esteja super-ofertado não afeta a lógica do programa, exceto se a China reduzir drasticamente seu crescimento, o que não é provável. Ao contrário, a decisão do Conselho de Estado é no sentido de ampliar a produção no exterior.
 
A construção com apoio chinês de um colar de siderúrgicas e metalúrgicas, especialmente na Região Norte e Centro-Oeste onde não falta água e o suprimento de energia pode ser facilmente viabilizado, representaria a oportunidade para a retomada da economia brasileira a altas taxas. Note-se que seriam empreendimentos com demanda garantida, ou seja, sem risco de mercado. A parte principal dos financiamentos seria proveniente da própria China, passando-se ao largo de nossas agruras fiscais. Ao contrário, na medida da entrada dos financiamentos haveria um efeito positivo permanente no balanço de pagamentos, inicialmente pela via dos recursos financeiros, e logo em seguida pela RECEITA de exportações, contribuindo a médio prazo para redução significativa do déficit em conta corrente – nosso maior gargalo econômico.
 
 
 
*Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

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Blog Francisco Carlos Pardini: Tratado

Blog Francisco Carlos Pardini: Tratado: Tratado Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.   Nota:   Para um estudo sobr...

Tratado

Tratado
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para um estudo sobre um determinado tema, veja Tratado (estudo).
O Secretário Geral da União Soviética, Mikhail Gorbachev, e o presidente dos Estados Unidos,Ronald Reagan, assinam o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário na Casa Branca, pelo qual as então duas superpotências renunciavam aos foguetes lançados da terra de alcance médio ou intermediário, de 500 a 5.500quilômetros, em 1987.
Um tratado internacional é um acordo1 resultante da convergência das vontades de dois ou mais sujeitos de direito internacional,1formalizada num texto escrito,2 com o objetivo de produzir efeitos jurídicos1 no plano internacional. Em outras palavras, o tratado é um meio pelo qual sujeitos de direito internacional – principalmente os Estados nacionais e as organizações internacionais – estipulam direitos e obrigações entre si.
Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificação das relações entre as nações, os tratados, os costumes e os princípios norteadores de Direito, tornaram-se as principais fonte de direito internacional existente, e atualmente assumem função semelhante às exercidas pelas leis e contratos no direito interno dos Estados,3 ao regulamentarem as mais variadas relações jurídicas entre países e organizações internacionais, sobre os mais variados campos do conhecimento humano.3 Os Estados e as organizações internacionais (e outros sujeitos de direito internacional) que celebram um determinado tratado são chamados “Partes Contratantes” (ou simplesmente “Partes”) a este tratado.
Os tratados assentam-se sobre princípios costumeiros bem consolidados e, desde o século XX, em normas escritas, especialmente aConvenção de Viena sobre Direito dos Tratados (CVDT), de 1969. Dentre estes princípios, destacam-se o princípio lógico-jurídico pacta sunt servanda4 5 (em latim, literalmente, “os acordos devem ser cumpridos”) e o princípio do cumprimento de boa fé,5 ambos presentes nocostume internacional e no artigo 26 da CVDT. Uma outra Convenção de Viena, de 1986, regula o direito dos tratados celebrados entre Estados e organizações internacionais, e entre estas.
Hemisfério sul
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Este artigo ou secção está a ser traduzido (desde abril de 2013). Ajude e colabore com a tradução.
O hemisfério sul evidenciado em amarelo (sem aAntártida).
Hemisfério Sul,1 austral ou meridional é a metade de um planeta localizada entre a linha do Equador (latitude 0º) e oPólo Sul. Pode definir também a metade da esfera celeste ao Sul do equador celeste. A palavra hemisfério significa literalmente: "metade de uma esfera".2
A maior parte deste hemisfério é coberta por água. No Hemisfério Sul ficam apenas 30% das terras emersas e 10% da população mundial. Ficam no Hemisfério Sul cerca de 33,78% da América, parte da África, a maior parte da Indonésia e países vizinhos, a maioria da Oceania e a desabitada Antártida.
O hemisfério sul possui, em geral, um clima mais suave que o hemisfério norte, exceto na Antártida que é mais fria que oÁrtico. Isto acontece porque o hemisfério sul possui muito mais oceano e menos terra. A água aquece e arrefece mais lentamente que a terra. A língua mais falada no Hemisfério Sul é o Português.3
O hemisfério sul é também menos poluído que o hemisfério norte, devido à sua menor densidade populacional (apenas um total de 10 a 12% da população humana), inferiores níveis de industrialização, e menores massas de terra (as correntes de ar deslocam-se predominantemente de oeste para leste e por essa razão a poluição do norte não se propaga para o sul)[carece de fontes]. Um fator que mostra que o hemisfério sul é também menos poluído é a época de início da sua industrialização, que foi após a Segunda Guerra Mundial.
Cooperação Sul-Sul
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Países da OSCE, em verde, e os demais países do mundo, considerados o "Sul Global", em cinza: uma das clássicas representações da divisão Norte-Sul global.
A cooperação Sul-Sul é o processo de articulação política e de intercâmbio econômico, científico, tecnológico, cultural e em outras áreas entre países em desenvolvimento (conhecidos até os anos 1990 como nações do Terceiro Mundo, e hoje chamados de Sul Global), para fins de promover o desenvolvimento. O termo "sul" se deve ao fato de grande parte desses países se localizarem no hemisfério sul, embora haja vários deles cujo território se localiza parcial ou integralmente nohemisfério norte. Basicamente, a cooperação Sul-Sul inclui países da África, Ásia e América Latina, além dos pequenos países do Caribe e da Oceania.
A cooperação Sul-Sul pode ou não, segundo diferentes critérios, incluir as trocas exercidas entre os chamados países emergentes, como BRICs e IBAS. Também pode se dar em nível global (como na ONU, no Movimento Não-Alinhado e noGrupo dos 77) ou regional (como no Mercosul e na CEDEAO).


Revista Brasileira de Política Internacional

Print version ISSN 0034-7329

Rev. bras. polít. int. vol.52 no.2 Brasília July/Dec. 2009

http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292009000200002 

ARTIGO

O Brasil e a comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP)

Brazilian foreign policy and the Community of Portuguse-speaking countries (CPLP)


Shiguenoli Miyamoto
Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de Campinas - Unicamp e Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (shiguenoli@gmail.com)




RESUMO
Uma das atenções da política externa brasileira nos últimos anos tem sido concedida ao relacionamento Sul-Sul. Dentro deste, as relações com os países da CPLP tem adquirido papel crescente, pelo menos em termos retóricos. O objetivo desse texto é analisar a real importância concedida pelo governo brasileiro aos países de língua portuguesa desde a criação da CPLP.
Palavras-chave: política externa brasileira; CPLP; relações luso-afro-brasileiras; relações Sul-Sul; países em desenvolvimento.


ABSTRACT
In the last years, one focus of Brazilian foreign policy has been south-south cooperation. Among them, the relationship with Portuguese speaking countries has taken an important role, at least in the official speech. This texts examines the real importance given by Brazilian government to Portuguese speaking countries since the beginning of CPLP.
Keywords: Brazilian foreign policy; CPLP; Portuguese speaking countries; South-south relations; underdevelopment countries.



 O Brasil, os países em desenvolvimento e as relações sul-sul
Pelo menos desde os anos 1960, o Brasil mantém estreitos vínculos com os países em desenvolvimento. Vários motivos poderiam explicar essa aproximação e identificação. Em primeiro lugar, pelo fato de se encontrar no mesmo, ou próximo, estágio de desenvolvimento da maior parte dos países do mundo, dentro da divisão proposta em 1954, por Alfred Sauvy, dos três mundos. Em segundo lugar, sua própria localização geográfica no continente sul-americano, onde as condições sócio-econômicas sempre estiveram muito aquém das encontradas na Europa e nos Estados Unidos. Em terceiro lugar, pelas afinidades, por exemplo, com as próprias nações africanas em virtude do processo de formação da sociedade brasileira, com um contingente apreciável de habitantes oriundo daquele continente.10 Em quarto lugar, pelas reivindicações que o país sempre fez no contexto internacional denunciando as desigualdades existentes entre os ricos e subdesenvolvidos, como era o seu caso. Por último, o fato de considerar-se, desde a década de 1920, como país médio, distanciado das grandes potências, mas com pretensões de ser uma, portanto, tendo necessidade de se afiliar a grupos - ainda que informalmente - procurando redistribuir o poder mundial, sendo com isso beneficiado.
Para isso, teria de mostrar simpatias com as nações em desenvolvimento que, pelas mesmas condições suas, enfrentavam problemas para se afirmar - ou melhorar - sua inserção internacional, como as ex-colônias. Em conjunto, esses fatores poderiam, assim, ser mencionados, como responsáveis pela forma como o país durante muito tempo se posicionou no cenário internacional: pertencente a América Latina, localizado no hemisfério sul, em estágio de desenvolvimento insuficiente para ombrear com as grandes potências, com estruturas sociais, econômicas e políticas um tanto débeis, dependendo do setor agro-exportador em grande parte para manter razoavelmente sua economia.
Sob esse prisma, mesmo nos debates que se fizeram nos anos 60 e 70 sobre as condições de subdesenvolvimento a que estava submetido, tanto em termos governamentais quanto academicamente, a questão das disparidades sócio-econômicas encontram-se presentes, seja pela publicação de volumosa quantidade de ensaios e livros, ainda que sob distintas óticas, seja pela influência dessa perspectiva no planejamento governamental.11
É certo que esse tipo de comportamento não se refletiu de maneira uniforme no decorrer das décadas. Pode-se dizer, no entanto, que sempre houve uma consciência precisa das dificuldades encontradas para resolver tanto os problemas domésticos, quanto para melhorar sua posição no ranking internacional do poder. Internamente, as disparidades verificadas ao longo do tempo criaram situações deveras heterogêneas, e que em parte foram retratadas, ainda que não entendida por todos de forma convincente, em textos como de Jacques Lambert sobre os diferentes Brasis (LAMBERT, 1972; 1972a). Externamente, a posição desfavorável usufruída frente aos grandes agentes mundiais sempre limitou a possibilidade de se fazer reivindicações mais fortes, com chances de sucesso, em função de duas variáveis: uma, a falta de poder (econômico, político e militar) e, em segundo lugar, a inexistência de chances propiciadas pelos grandes parceiros.
Restou pouco, portanto, além da afiliação a grupos e da aproximação a países com características semelhantes às verificadas no território nacional. Partir desse principio, entretanto, não assegurava uma atuação uniforme com os demais membros sudesenvolvidos da comunidade internacional. Em primeiro lugar, porque eram restritos os elementos que os uniam: eram todos dependentes, pobres, e necessitavam portanto de aportes internacionais. Em segundo lugar, encontravam-se em estágios diferenciados de desenvolvimento, dando margens ao surgimento, inclusive, de terminologias como quarto mundo, quinto mundo, etc, já que não se podia categorizar no mesmo patamar países como o Brasil ou a Argentina, com outros do continente africano, em condições muito mais desfavoráveis, sob todos os aspectos. Em terceiro lugar, porque muitos desses países (Terceiro Mundo, não-alinhados) competiam no mercado internacional com os mesmos produtos, ou seja, eram concorrentes entre si, procurando de maneira pragmática auferir benefícios individuais para suas próprias nações. Por último, nem sempre havia coincidências políticas e ideológicas entre esses membros da comunidade pobre, destarte impedindo que em grande parte as demandas pudessem ser unificadas, a não ser aquelas relacionadas com a transformação do próprio sistema internacional, reduzindo as desigualdades existentes, e sobre as quais todos concordavam. Discursos anti-colonialistas e anti-imperialistas que passaram a ser comuns nos anos 50 e 60, em grande parte do mundo, não tinham a mesma ressonância deste lado do Atlântico, nem entre todos os membros da comunidade em desenvolvimento.
Destarte, a atuação brasileira concedida a esse tipo de relacionamento enfrentou limitações de todos os gêneros. Não se deve esquecer, ainda, as próprias clivagens e entendimentos diferentes no plano doméstico, de como deveriam ser conduzidas as políticas externa e internacional do Brasil, com enfoques distintos sobre as prioridades a serem dadas, seja aos parceiros nas relações bilaterais, seja através das organizações multilaterais, aos mais ricos ou não, ou de identificações ideológicas dependendo da conjuntura.
Importante destacar, por exemplo, nos anos do regime militar, e mesmo depois, as diferenças de opiniões existentes entre as diversas instâncias de formulação e decisão das políticas, como os diplomatas, os economistas e os militares. Algumas vezes as perspectivas podiam ser coincidentes, mas não era o que se verificava na maior parte dos casos, cada um procurando defender seus próprios interesses e grupos, com maneiras distintas de ver o mesmo problema. Em grande parte, as diferenças de posturas dessas instâncias vão marcar a atuação da política externa brasileira de maneira não uniforme, muitas vezes contraditórias com fortes choques, onde cada setor discursa e age independentemente do outro, defendendo interesses e posturas completamente distintos. Ou seja, nunca houve uma única instância que pudesse ser considerada centralizadora da conduta externa brasileira, apesar de o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), formalmente ser o órgão responsável.
No próprio continente, as atenções concedidas pela política externa brasileira sempre foram consideráveis, ainda que em alguns momentos houvesse tensões, como no caso da barragem de Itaipu. Todavia, em outros momentos, praticamente em todos, o relacionamento bilateral e multilateral ocupou espaço importante, seja através da iniciativas de integração regional, como nos casos citados da Alalc e Aladi, seja pela Otca e outros mecanismos visando a cooperação mais ampla.
Com o continente africano, pelas identificações verificadas desde o século XVIII, o Brasil sempre manteve relacionamento bastante aberto, ainda que em algumas oportunidades, como nos primeiros anos da década de 1970, se colocasse em julgamento se deveríamos conceder prioridade aos países daquele continente ou não. Tratava-se nesse caso das novas parcerias que deveriam ser privilegiadas, em detrimento das nações africanas que, carentes de recursos, não seriam úteis aos interesses brasileiros, já que não dispunham de condições para pagar o que para lá se exportasse, não tinham nada, ou muito pouco para oferecer em troca, além de serem competitivos na mesma faixa dos produtos nacionais.
Com o resto do mundo, seja com relação ao Oriente Médio, seja com o sudeste asiático, as aproximações deram-se de forma um tanto relutante, deixando-os em plano secundário, passando a desempenhar papel de relativa importância a partir da década de 1970, sobretudo após a primeira crise do petróleo, e, como potenciais compradores de produtos manufaturados brasileiros, além de veículos e armamentos.
A atuação mais ampla no cenário sul ou junto aos países em desenvolvimento pode, igualmente, ser observada não apenas na constituição dos países do terceiro mundo, na construção da Unctad em 1964, bem como no Grupo dos 77. Já no que diz respeito aos países não-alinhados (PNA), a participação brasileira foi extremamente modesta, comparecendo às reuniões, apenas como observador, jamais fazendo parte do grupo dos PNA, inclusive pela afiliação que tinha, apesar das oscilações, com o grande líder do continente americano.
Embora concedesse importância e ressaltasse a necessidade de atuação conjunta com os países menos desenvolvidos, o Brasil jamais deixou de lado as grandes potências, inclusive diversificando a dependência que mantinha prioritariamente com os Estados. Dessa forma, ao mesmo tempo em que concedia espaço aos países do terceiro mundo, nações altamente industrializadas passaram a desempenhar papéis de importância cada vez maior na agenda da política externa brasileira, seja no continente europeu, com a França, Reino Unido e Alemanha, seja no Extremo Oriente com o império nipônico. Nesses casos, ocorria a diversificação da dependência brasileira, deixando-a menos suscetível às intempéries do relacionamento que mantinha com os Estados Unidos.
Já nos anos mais próximos, o relacionamento do Brasil com os países do hemisfério sul deu-se dentro de outro contexto, agora com o fim da Guerra Fria, e em um mundo em grande transformação. Como características deste novo quadro, observamos a emergência de novos atores (desde os anos 80), como as Organizações Não-Governamentais (ONGs), a formação de blocos regionais em um cenário interdependente, mas altamente competitivo, e o acirramento das divergências no comércio internacional, com a própria substituição do Gatt pela OMC. É nesse contexto em definição que se formalizam as relações do Brasil com o mundo, quando se criam entidades como a CPLP, e onde o país procura atuar em grandes frentes, contemplando algumas prioridades, que considera serem as mais satisfatórias, pelo menos naquele momento.12

introdução
Nosso interesse em compreender o A.L.B.A. - ALTERNATIVA PARA A AMÉRICA LATINA BOLIVARIANA - resulta de um interesse em explorar o efeito Globalização na nossa América.
A fim de entender esse acordo da América Latina, vamos fazer um breve resumo do que a globalização significa que beneficia os países desenvolvidos e muito prejudica os países em desenvolvimento, eles são os primeiros que escrevem os tratados e fazer cumprir as regras.
Investigamos esta questão, sabendo que nem todos os países integrá-lo e que o benefício para esta parte do mundo em desenvolvimento seria muito grande, nós descobrimos que não atendeu a todos concordaram que ainda há muitos ajustes e melhorias para o que já foi assinado .
Conclui-se que para receber os benefícios a que deve começar a atender concordou, otimizar o que já estipulado, e, assim, atingir o funcionamento eficiente.
Contra a política dos Estados Unidos para a implementação da Alca, como uma idéia de unidade latino-americana, a partir de Venezuela proposto pelo projeto ALBA do presidente Hugo Chávez, cujas diretrizes básicas são uma nova alternativa a este modelo.
Neste artigo, vamos discutir esse novo projeto para os países que a compõem.
desenvolvimento
No final do século XX - 2º milênio - houve um fenômeno que pode ser considerado entre os mais importantes do período. Referimo-nos à chamada globalização.
O que significou para o mundo da globalização? Como na época da revolução industrial chocou o mundo, hoje vivemos a revolução tecnológica nas comunicações, tecnologia da informação, transporte.
E este enorme avanço das telecomunicações nos últimos anos permitiu que os habitantes do nosso planeta tomadas conhecimento da informação, ao mesmo tempo os eventos ocorreram. Simultaneamente Unidos começaram implementar as políticas econômicas de liberalização e desregulamentação dos mercados, de modo que os países estavam direcionando seus setores produtivos para com as atividades que tiveram vantagens comparativas sobre o resto.
Essas ações, combinadas com a melhoria constante da eficiência de transporte, feito que o comércio vai aumentar consideravelmente com uma tendência constante.
Países começou a institucionalizar esta situação com a formação de blocos de atividades econômicas, a concepção de políticas concertadas, a liberalização das tarifas, a abertura das fronteiras para o trânsito de seus habitantes e criando, para esse efeito, os organismos internacionais para a regulação de tais medidas. Então, se a União Europeia (UE), o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e outros.
Não podemos saber como será o futuro, mas se estamos constantemente a se preparar para isso, pois será substancialmente diferente do que temos experimentado. Para isso, é preciso ter uma compreensão básica das principais características dos diferentes países, com o qual os recursos humanos, naturais, económicos e tecnológicos contam como educado, que professam a religião, o que são as tradições de seu povo, etc. O importante é que essa integração gradual chamada globalização, preparar-nos, e nós podemos desenvolver as nossas actividades de uma forma diferente do que nós conhecemos um ao outro para sempre.


Leia mais: http://www.monografias.com/trabajos89/trabajo-alba/trabajo-alba.shtml#ixzz3RBd09gs4


Marco Civil da Internet será primeiro tema a ser tratado com o Congresso em 2014, diz ministra

17/12/2013 - 11h59
·         Política
Paulo Victor Chagas e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse hoje (17) que o Marco Civil da Internet será o primeiro assunto a ser discutido com o Congresso em 2014. Já a reforma política e o Código da Mineração, apesar da importância, devem exigir mais tempo de debate entre Executivo e Legislativo.
O Projeto de Lei 2.126/11, que define o Marco Civil na Internet, tramita com urgência e, por isso, tranca a pauta do plenário da Câmara. “Vai ter que votar [logo], porque senão a Câmara também não vota mais nada, porque também já ficou claríssimo que a presidenta não vai retirar os vetos”, disse a ministra.
Segundo Ideli, o trabalho do relator da proposta, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), de negociar com todos os partidos da Casa, fez com que os parlamentares avançassem na discussão. “Acredito que temos condições, que podemos evoluir, seja no debate, na discussão ou na votação.”
Durante café da manhã com os jornalistas no Palácio do Planalto, onde fez um balanço das ações da secretaria em 2013, a ministra disse que trabalha com o prazo de “votar o mais rapidamente possível” o Marco Civil da Internet. “Este ano acabou, vai ser no ano que vem”, avaliou, referindo-se à possibilidade de a matéria ainda ser apreciada até a próxima semana.
Apesar de dizer que “tem que ir para o voto”, já que o processo de convencimento das bancadas já foi feito, inclusive aperfeiçoando “de forma significativa” o texto, Ideli não quis afirmar que não é possível mais negociação. “Quantas coisas que estava tudo acertadinho e na hora da votação se faz ajustes”.
De acordo com a ministra, a importância do tema passa pela demanda surgida após as denúncias de suposta espionagem feita pelo governo dos Estados Unidos a empresas e cidadãos brasileiros, entre eles, autoridades como a presidenta Dilma Rousseff. Por esse motivo, Dilma manteve o REGIME  de urgência, segundo Ideli. “Olha que ela foi acionada, teve pressão imensa para que fosse retirada a urgência”.
A reforma política foi um dos temas que o governo buscou debater este ano com o Legislativo, mas não conseguiu avanços. Com o ano eleitoral, em 2014, a discussão deve ser adiada mais uma vez. Em julho deste ano, após as manifestações que levaram milhares de brasileiros às ruas, a presidenta Dilma enviou ao Congresso uma proposta de plebiscito para discutir a reforma política. A ministra Ideli avalia que haverá uma crescente ampliação da judicialização do tema. “Cada vez mais o Judiciário vai ser acionado e vai entrar [na discussão] e talvez essa ampliação crie o clima político para que o Congresso Nacional se movimente.”
Sobre o Código da Mineração, o PL 5.807/2013, a ministra Ideli disse que o governo tem pressa em aprovar o projeto e não descartou a possibilidade de a presidenta Dilma Rousseff resgatar o REGIME  de urgência do texto. “Temos pressa porque é um setor importantíssimo da economia brasileira, em que o Brasil tem um potencial significativo”, explicou. Ideli diz que o debate não será fácil, pois o texto inicial do Código da Mineração, enviado pelo governo ao Congresso, foi profundamente alterado e está controverso. “Será uma matéria sobre a qual vamos ter que nos debruçar com bastante profundidade.”
Edição: Talita Cavalcante
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Número 103, Janeiro 2015


ENSAIO

Bororo sabe chorar seus mortos

Rituais dessa etnia indígena são essenciais para a reconstrução de uma sociedade desequilibrada pela morte e aniquilada pela ocupação branca
por Por Lucíola Zvarick; Fotos Renato Soares publicado 07/02/2015 15:39
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Adornos: homens, mulheres, jovens e crianças estão pintados com o negro do jenipapo e o vermelho do urucum
A frase do título é resultado de uma longa amizade entre o marechal Cândido Rondon e o chefe Bororo Oarine Okuneu, o Cadete. Em muitas ocasiões, Cadete aconselhou o antológico indigenista a morrer entre “os seus”. Sim, os Bororo, ou Boe, como se autodenominam, sabem chorar os seus mortos. O sol ardia no cerrado descampado e não tinha vento, apenas um bafo quente, quando o carro da reportagem deixava a rodovia BR-070 e adentrava o território em que ouviria essas e outras histórias da etnia. A Terra Indígena Meruri ocupa 82 mil hectares de área no município de General Carneiro (MT), a 460 quilômetros de Cuiabá. Nesta área homologada em 1987 vivem pouco mais de 400 índios, distribuídos entre as aldeias Meruri e Garças.
A reportagem documentaria parte dos ritos funerários em homenagem ao líder José Carlos Meruri Ekureo, morto em 19 de junho passado, aos 80 anos. Era o último grande chefe de ritual Bororo da aldeia Garças. Em setembro, seu corpo ainda descansava no centro da aldeia, em uma cova rasa, sob um manto de terra e folhas de palmeiras. Em breve sua alma estaria livre para percorrer o caminho até a aldeia dos que morrem.
Porém, a comunidade ainda teria de aguardar. Diariamente, a cova é regada para acelerar o processo de decomposição do corpo, cujos ossos, ao final, deverão receber um ornamento especial e ser enterrados ou depositados numa lagoa. No caso do velho José Carlos, o ritual seria finalizado com uma bênção católica e os ossos sepultados no cemitério da aldeia vizinha, Meruri, onde se instalou uma missão salesiana em 1902. Nesses 112 anos de contato, o grupo sofreu transformações. Aprenderam a falar e a rezar com os não-índios, enfraqueceram sua língua, seus rituais foram proibidos total ou parcialmente, e suas conexões com outros povos vizinhos foram alteradas para sempre.
Há algum tempo, um processo de autocrítica dos missionários, depois de constatar o aniquilamento cultural dos Bororo, culminou com a retomada da língua indígena a partir do ensino bilíngue na aldeia Meruri. Uma esperança de resgate de estruturas fragilizadas e relegadas às sombras da identidade de cada Bororo.

Funeral

Entre os episódios que marcam o ciclo de vida da etnia, a morte é um dos mais importantes. Durante aproximadamente três meses de ritos funerais, os jovens são familiarizados com os valores dessa sociedade dualista. São lembradas regras de reciprocidade e de iniciação à vida adulta. Os rituais são essenciais para a reconstrução da sociedade desequilibrada pela morte. A cada funeral, todos os mortos são lembrados por seus parentes vivos e por seus representantes rituais por meio de um par de cabacinhas tocadas pelo condutor do cerimonial.
É quando se dá o encontro entre o mundo dos vivos e o universo dos mortos. Os ritos reafirmam a oposição e complementaridade entre as duas metades em que se dividem a aldeia e a própria sociedade Bororo: os Eceráe e os Tugarégue. Cada uma dessas metades é subdividida em clãs com deveres bem definidos: do fornecimento de tintas para as pinturas corporais e as penas para os adornos plumários às representações rituais, que caberão ao clã da metade oposta à da família do morto.
Terezinha, a filha, e Jacira, neta do ancião recém-falecido, tinham marcas de escarificação nos braços. O cacique da aldeia Garças, Emílio Cugoxereu, é marido de Jacira. É parte do ritual funerário os parentes próximos, especialmente as mulheres, se arranharem. No caso das duas, como houve perda da tradição, elas o fizeram com cacos de vidro. Também assim expressam a profunda tristeza pela morte de um ente querido. A reportagem acompanhou desde a confecção de duas grandes rodas com talos de folhas de buriti – uma simbolizando o homem e a outra, a mulher – até a sua utilização durante os rituais.
Entre eles, o Aije (espírito misterioso). Numa noite de sábado, a celebração ao redor do corpo e diante das duas grandes rodas é longa. O chefe de cabacinha e condutor da cerimônia puxa os que contavam a história de heróis Bororo e exaltavam a vida do falecido. Em dado momento, os homens se revezavam com as rodas alçadas à altura da cabeça, e com elas dançavam e saltavam freneticamente. Em algumas etapas, não é permitida a presença de mulheres e crianças, sob a crença de que teriam a morte próxima. Elas ficam dentro das malocas, um tanto nervosas diante da suposta presença dos espíritos em rituais de que apenas os homens participam.
Na tarde do dia seguinte, já com o sol batendo lateralmente, chega-se ao ponto. Homens, mulheres, jovens e crianças estão pintados com o negro do jenipapo e o vermelho do urucum. A simetria e a perfeição dos desenhos realçam a beleza exótica dos rostos. As mulheres pintam filhos e netos. No centro da aldeia, homens maduros e jovens índios, vestidos com parikos (cocares) majestosos de penas de arara azul e mantos com pele de jaguatirica, entoam novos cantos de evocação dos espíritos ancestrais e dançam, por cerca de quase três horas, ao redor do corpo do ancião.
Aquele foi um fim de semana de esforço coletivo entre os moradores da aldeia Garças e de Meruri. Representantes de outras aldeias Bororo também compareceram. A realização de um funeral ritualista sempre é um ato de coragem e respeito, exige empenho e determinação. A tristeza é, de certa forma, neutralizada pela riqueza do aprendizado e pela vontade de celebrar a magnitude da vida.

Comer, pescar, viver

Na aldeia Garças moram 30 pessoas. A casa do cacique Emílio e sua família é feita de palha de buriti e coberta com telhas de amianto. Não há plantação de nenhum tipo de grão ou tubérculo em toda a aldeia. “O trator que nos ajudava a arar a terra quebrou, e a Funai não colocou outro. Já plantamos muito arroz nestas terras, mas agora parou tudo”, lamenta o cacique. “Vocês vieram num momento em que estamos de luto, e as atividades – até a escolinha das crianças – estão paradas.”
A comunidade deixou de plantar há alguns anos. A pesca e a caça também ficaram escassas no local. Praticamente tudo o que comem é comprado na cidade: do arroz e feijão preparados no almoço e jantar, aos salgadinhos e guloseimas industrializados que as crianças consomem esporadicamente. Percorrem de bicicleta ou de carona os 15 quilômetros entre a aldeia e a BR-070, que os levará às cidades mais próximas, General Carneiro e Barra do Garças. Para pagar o SUPERMERCADO , usam recursos provenientes do Bolsa Família e do INSS, especialmente por meio das aposentadorias por invalidez.
Os Bororo ocupavam uma extensa área calculada em 400 mil quilômetros quadrados, no estado de Mato Grosso, quando se deram os primeiros contatos com a civilização branca, com a chegada dos bandeirantes paulistas, no começo do século 18. A população era estimada em cerca de 10 mil. Pertencente ao tronco linguístico Macro-Jê, a língua Bororo é falada por quase toda a população, estimada em 1.700 pessoas espalhadas em dez aldeias em áreas descontínuas do estado.
A classificação é feita a partir dos dois grandes clãs Eceráe e Tugarégue, em que moradores de uma metade só podem se casar com os da outra. Ao nascer, uma criança receberá um nome ligado ao clã de sua mãe. A sociedade Bororo também é matrilocal, ou seja, os filhos pertencem ao clã da mãe, a mulher é chefe da casa e o homem, seu hóspede.
A demora para a finalização do funeral do velho José Carlos criou uma certa angústia na aldeia Garças. Já se passaram os três meses de praxe e o corpo ainda não havia se decomposto. O motivo? Houve um erro, e em vez de colocarem preparados que acelerariam o processo de decomposição, passaram resina, o que acabou por impermeabilizar a pele. O engano aconteceu porque morrera justamente aquele que detinha tais conhecimentos. Mais um sinal de que a comunidade teria de reaprender esse e outros processos do fascinante ciclo de vida da etnia. Um pouco nos livros, um pouco com os anciãos de outras aldeias.








Chanceler brasileiro vai à Argentina para fortalecer parceria estratégica
Especialistas em relações internacionais defendem que o Brasil deva cultivar entendimentos políticos, comerciais, econômicos e na área de segurança com a Argentina, mas também se desvincular do país vizinho em sua estratégia de inserção internacional
por Agência Brasil publicado 08/02/2015 10:14
Será a primeira viagem em caráter bilateral de Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viaja nesta semana à Argentina para se reunir com o chanceler Héctor Timerman e outras autoridades do governo de Cristina Kirchiner. Será a primeira viagem do chanceler brasileiro em caráter bilateral, simbolizando a importância do principal parceiro do Brasil na América do Sul.
“A visita reflete a importância primordial da parceria estratégica entre os dois países”, declarou o Itamaraty por meio de nota. Vieira foi embaixador do Brasil em Buenos Aires entre 2004 e 2010 e assumiu defendendo uma “diplomacia de resultados”, sempre que possível auxiliando na ampliação dos mercados para produtos brasileiros no exterior.
Muitos especialistas em relações internacionais defendem que o Brasil deva cultivar entendimentos políticos, comerciais, econômicos e na área de segurança com a Argentina, mas também se desvincular do país vizinho em sua estratégia de inserção internacional. Assim, eles creem que o Brasil teria mais autonomia para estabelecer importantes acordos bilaterais.

O chanceler argentino, com quem Vieira terá encontros de trabalho, enfrenta um período de crise depois que o promotor Alberto Nisman (encontrado morto no banheiro de seu apartamento no dia 18 de janeiro) acusou o chanceler e a presidenta Cristina de terem negociado com o Irã um plano para encobrir os responsáveis pelo ataque terrorista de 1994, contra o Centro Comunitário Judaico Amia, em Buenos Aires, que matou 85 pessoas e deixou centenas feridas.
Mujica regulamenta uso de maconha para fins medicinais; médicos criticam medida




Após legalizar a venda de maconha no país, o presidente uruguaio, José “Pepe” Mujica, aprovou a regulamentação do uso da droga para fins medicinais e pesquisas terapêuticas. “Está permitida a plantação, cultivo, colheita e comercialização da cannabis psicoativa e não psicoativa para uso, de forma exclusiva, para pesquisa científica”, diz o texto. Integrantes do sindicato médico, no entanto, criticaram a medida.
Na última quarta-feira (4), Mujica assinou o decreto que determina que pessoas maiores de 18 anos poderão comprar a droga em farmácias habilitadas portando RECEITA  médica. A publicidade do uso com este fim, no entanto, está proibida e a fiscalização será realizada pelo Ministério de Saúde Pública.
A medida provocou críticas entre a comunidade médica. Após conhecer o conteúdo da decisão, o vice-presidente do sindicato médico, Gerardo Eguren, afirmou que médicos uruguaios não estão preparados para receitar a droga. “Na faculdade nunca nos disseram que maconha é medicinal. Não considero que estejamos em condições. A grande maioria de nós nunca estudou os usos medicinais da maconha na faculdade”, disse em declarações ao jornal uruguaio El País.
Apesar da posição do vice-presidente, o sindicato não tem uma posição definitiva e deverá convocar, para abril, uma conferência sobre a questão. A responsável pelo tema na agremiação, Julia Galzerano, afirmou que o encontro será realizado com fins de esclarecer a comunidade médica a respeito. “É uma substância que gera muita controvérsia”, disse.
Galzerano, no entanto, considera que a aprovação da lei é positiva, mas ressalta que “ainda faltam estudos para apontar se a maconha é um tratamento melhor que outra substância. Creio que falta muita informação sobre o tema”, concluiu.

Em dezembro de 2013, o Parlamento sancionou uma lei regulamentando a venda de maconha, mas a comercialização em farmácias está atrasada devido aos sucessivos adiamentos do processo. Atualmente, cerca de 1.300 uruguaios cultivam a erva para autoconsumo, de acordo com dados da Junta Nacional de Drogas.

Venezuela recorre à Unasul por diálogo com EUA e ocupa supermercados


Maduro diz que Barack Obama se recusa a dialogar; para enfrentar crise de abastecimento, governo opera temporariamente rede de distribuição de produtos e manda prender proprietários
por Redação RBA publicado 05/02/2015 09:45
MIGUEL GUTIERREZ/EFE
Longas filas formam-se nos SUPERMERCADOS , agora sob ocupação do governo para garantir o abastecimento
São Paulo – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu ontem (4) apoio da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para resolver um conflito diplomático com o governo dos EUA, que suspendeu a concessão de vistos para funcionários do governo venezuelano.  Maduro diz que essas sanções são tentativas de agressão contra a Venezuela, e que o governo de Barack Obama se recusa a dialogar com Caracas.
Outra crise enfrentada pelos venezuelanos é de abastecimento. Faltam alimentos nos SUPERMERCADOS . Os consumidores enfrentam longas filas para comprar produtos básicos, como farinha, FRANGO  e itens de higiene pessoal.
Na terça-feira (3), o governo determinou a ocupação de 36 lojas de uma rede de supermercado. O presidente acusa as redes de promoverem as filas para desgastar o governo. Os empresários se dizem vítimas de um sistema que não lhes permitem estocar produtos.
“Foi ordenada a ocupação temporária da rede de supermercados Dia a Dia, desde o armazenamento, a distribuição e os pontos de venda. O objetivo é a proteção dos venezuelanos”, anunciou o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
O presidente Nicolás Maduro afirmou que a medida deverá regularizar o abastecimento e também ordenou a prisão dos gerentes e proprietários da rede de supermercados, alegando que essa iniciativa está em conformidade com a constituição da Venezuela e com a lei de segurança alimentar.
Assista à reportagem completa da TVT: