...Até
a criação do Daesh – conhecido no Ocidente como Estado
Islâmico/ISIL/ISL – contou com ajuda americana. No rastro da Primavera
Árabe, a CIA despejou toneladas de armas e treinou vários grupos
rebeldes que iriam libertar a Síria do regime laico de Assad. Um doce
para adivinhar onde tudo isso foi parar.
O mais incrível é que ninguém parece aprender algo com tudo isso. Obama acaba de anunciar que vai enviar 1000 soldados com a missão de treinar “rebeldes moderados” para combater o Daesh na Síria. As tropas encontrarão os seus alunos na Arábia Saudita, Qatar e Turquia. Os dois primeiros países são monarquias absolutistas que seguem uma versão extremada do islamismo sunita, isto é, a real diferença entre eles e o Daesh é que não saem por anexando territórios de outros países (ainda). Não é preciso ser muito esperto para saber onde isso vai dar.
O mais incrível é que ninguém parece aprender algo com tudo isso. Obama acaba de anunciar que vai enviar 1000 soldados com a missão de treinar “rebeldes moderados” para combater o Daesh na Síria. As tropas encontrarão os seus alunos na Arábia Saudita, Qatar e Turquia. Os dois primeiros países são monarquias absolutistas que seguem uma versão extremada do islamismo sunita, isto é, a real diferença entre eles e o Daesh é que não saem por anexando territórios de outros países (ainda). Não é preciso ser muito esperto para saber onde isso vai dar.
O Ocidente já deveria há muito tempo ter deixado de se meter nos
assuntos árabes. Além da grande quantidade de inocentes mortos nas ações
capitaneadas por ocidentais, o que só gera mais ódio e ressentimento,
não existe fomentador maior de grupos terroristas do que as próprias
potências ocidentais.
Nos últimos vinte anos só existiu um momento em que um país árabe foi forçado a lidar ele mesmo com terroristas criados dentro de casa. Em 1992, surgiu na Argélia um grupo que pretendia iniciar um califado começando pelo país do Zidane. Sob alcunha de Groupe Islamique Armé (GIA), realizavam a rotina de grupos terroristas, atentados, bombas, etc. O que o Ocidente fez? Nada. Os argelinos cuidaram dos seus próprios problemas e deram fim a um grupo que você provavelmente nunca soube da existência. Política externa, assim como em todos os outros casos, é uma área que precisa de menos estado, e não mais.
Nos últimos vinte anos só existiu um momento em que um país árabe foi forçado a lidar ele mesmo com terroristas criados dentro de casa. Em 1992, surgiu na Argélia um grupo que pretendia iniciar um califado começando pelo país do Zidane. Sob alcunha de Groupe Islamique Armé (GIA), realizavam a rotina de grupos terroristas, atentados, bombas, etc. O que o Ocidente fez? Nada. Os argelinos cuidaram dos seus próprios problemas e deram fim a um grupo que você provavelmente nunca soube da existência. Política externa, assim como em todos os outros casos, é uma área que precisa de menos estado, e não mais.
A história prova que o novo plano de Obama para a Síria tem tudo para criar uma nova Al-Qaeda.
libertarianismo.org
Obama está fomentando uma nova Al-Qaeda
Em 1931, o lugar que viria a se chamar
de Arábia Saudita era um dos locais mais pobres e desolados do mundo. O
geólogo americano Karl Twitchell ainda
não tinha aportado no deserto árabe e encontrado os indícios de
petróleo que fariam a companhia estatal de petróleo saudita valer 7 trilhões de dólares. Naqueles tempos turvos, o reino tinha acabado de ser unificado pela ponta da espada do rei Ibn Saud e sofria com a rebelião de um grupo de fanáticos religiosos denominados Ikhwan.
O mais irônico da situação, é que o grupo fora armado e financiado por
Saud, que o usava como tropa de choque para os seus serviços sujos. [1]
O rei mais tarde derrotou as tropas
rebeldes com a ajuda de bombardeios britânicos, metralhadoras, e motos
que humilhavam os camelôs ikwhanianos. Entretanto, esse tipo de situação
– fomentar grupos extremistas para fustigar inimigos, para logo em
seguida vê-los se transformando nos próprios inimigos – é algo
ridiculamente comum no mundo árabe, mesmo para os padrões humanos.
Quando o General Gamal Abdel Nasser,
então presidente-ditador do Egito de um secular que mantinha relações
com a União Soviética, sofreu um ataque cardíaco e morreu, o seu
sucessor Anwar Al Sadat não teve dúvidas e passou a fornecer secretamente armas para o al-Gama’a al-Islamiyya,
uma organização extremista islâmica, combater grupos marxistas e
nasseristas que pudessem vir ameaçar o seu poder recém adquirido. Não
demorou muito para que o grupo dominasse todo o ambiente intelectual
egípcio, fazendo com que pela primeira vez na memória viva do Egito,
mulheres de véu e homens barbados se tornassem algo comum nos campi [2].
Sadat mais tarde – após anos de fomento – tentou desmantelar esse e
outros grupos jogando os seus líderes na prisão e proibindo suas
atividades. Não deu certo. A cadeia fez com que extremistas conhecem
outros extremistas e pudessem fortalecer os seus laços. Mais tarde, em
1981, em meio a uma parada militar, três soldados, infiltrados de um
grupo de radicais descontentes com os acordos de Camp David,
desembarcaram de um dos carros e metralharam Sadat até a morte. (colocaram no youtube e tudo)
A história da Al-Qaeda não é muito
diferente. Tudo mundo já está careca de saber que Osama Bin Laden foi um
dos principais organizadores da ajuda internacional dos mujahideen. Na época, a Arábia Saudita enxergava com maus olhos um regime
ateu, comunista e que estava prestes a controlar a rota de suprimentos
dos superproteleiros dos países árabes. Bin Laden, filho da terra, uma
estrela ascensão dentro do circuito religioso islâmico, membro da
segunda família mais poderosa do reino (perdendo apenas para o da
próprio rei), e além de tudo, obstinado em se envolver na Jihad afegã
surgiu como um anjo do céu, se tornando o controlador das doações
sauditas e chefe dos estrangeiros que iriam combater em solo afegão.
Pensando em dar seu próprio Vietnã aos soviéticos, os americanos fizeram
um acordo em que cada dólar investido por eles seria igualado pelos
árabes, com um início de 75 mil dólares, mas chegando a bilhões no
futuro. [3] Esse
dinheiro daria segurança financeira o suficiente para que anos mais
tarde para que o Talibã e a Al-Qaeda pudessem surgir no rastro da
desocupação soviética.
Ayman al-Zawahiri – um dos fundadores da
Al-Qaeda, amigo pessoal de Bin Laden, e depois da morte do
último líder da organização – nunca escondeu o seu ódio pelos Estados
Unidos, muito pelo contrário, quando um dos seus amigos americanos
perguntou como ele poderia falar tão mal do país que o estava ajudando
no combate aos comunistas no Afeganistão, Zawahiri não se furtou em
afirmar que “[...] estamos ajudando americana para combater os russos, mas eles são igualmente ruins”. [4]
Até a criação do Daesh – conhecido no
Ocidente como Estado Islâmico/ISIL/ISL – contou com ajuda americana. No
rastro da Primavera Árabe, a CIA despejou toneladas de armas e treinou vários grupos rebeldes que iriam libertar a Síria do regime laico de Assad. Um doce para adivinhar onde tudo isso foi parar.
O mais incrível é que ninguém parece aprender algo com tudo isso. Obama acaba de anunciar
que vai enviar 1000 soldados com a missão de treinar “rebeldes
moderados” para combater o Daesh na Síria. As tropas encontrarão os seus
alunos na Arábia Saudita, Qatar e Turquia. Os dois primeiros países são
monarquias absolutistas que seguem uma versão extremada do islamismo
sunita, isto é, a real diferença entre eles e o Daesh é que não saem por
anexando territórios de outros países (ainda). Não é preciso ser muito
esperto para saber onde isso vai dar.
O Ocidente já deveria há muito tempo ter deixado de se meter nos assuntos árabes. Além da grande quantidade de inocentes mortos
nas ações capitaneadas por ocidentais, o que só gera mais ódio e
ressentimento, não existe fomentador maior de grupos terroristas do que
as próprias potências ocidentais.
Nos últimos vinte anos só existiu um
momento em que um país árabe foi forçado a lidar ele mesmo com
terroristas criados dentro de casa. Em 1992, surgiu na Argélia um grupo
que pretendia iniciar um califado começando pelo país do Zidane. Sob
alcunha de Groupe Islamique Armé (GIA),
realizavam a rotina de grupos terroristas, atentados, bombas, etc. O
que o Ocidente fez? Nada. Os argelinos cuidaram dos seus próprios
problemas e deram fim a um grupo que você provavelmente nunca soube da
existência. Política externa, assim como em todos os outros casos, é uma
área que precisa de menos estado, e não mais.
Notas
[1] WRIGHT, Lawrence. O Vulto das Torres. Companhia das Letras. Edição Kindle. Posição 1313-1318.
[2] Ibid. Posição 872.
[3] Ibid. Posição 2139.
[4] Ibid. Posição 980-984.
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