Trabalho
Governo aumentará rigor na concessão de benefícios ao trabalhador
As normas de ingresso e de manutenção dos brasileiros em cinco
benefícios trabalhistas e previdenciários serão modificadas nesta
terça-feira
por Redação
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publicado
29/12/2014 21:57
Agência Brasil
As normas de ingresso e de
manutenção dos brasileiros em cinco benefícios trabalhistas e
previdenciários serão alteradas pelo governo federal. Nesta terça-feira
(30), será publicado noDiário Oficial da União o envio de medidas
provisórias ao Congresso Nacional, com ajustes nas despesas do abono
salarial, do seguro-desemprego, do seguro-defeso, da pensão por morte e
do auxílio-doença.
O objetivo das novas regras, informou o
ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é eliminar excessos,
aumentar a transparência e corrigir distorções, visando a
sustentabilidade dos programas que utilizam os fundos de Amparo ao
Trabalhador (FAT) e da Previdência Social. “Todas as mudanças respeitam
integralmente todos os benefícios que já estão sendo pagos”, disse o
ministro. “[Elas] não se aplicam aos atuais beneficiados, não é
retroativo”.
As medidas foram anunciadas após encontro
dos ministros com representantes de centrais sindicais, na tarde de
hoje (29), no Palácio do Planalto. Elas começam a valer a partir de
amanhã, mas precisam ser aprovadas pelos deputados e senadores para
virarem lei. Elas vão gerar redução de custos de aproximadamente R$ 18
bilhões por ano, a preços de 2015.
De acordo com Nelson Barbosa, que vai
assumir nesta quinta-feira (1º) o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, o valor equivale a 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos
bens e serviços produzidos no país) do próximo ano, e vai aumentar ao
longo do tempo, de acordo com a maior utilização dos benefícios.
A primeira medida anunciada é o aumento
da carência do trabalhador que tem direito a receber o abono salarial.
Antes, quem trabalhava somente um mês e recebia até dois salários
mínimos poderia receber o benefício. Agora, o tempo será de no mínimo
seis meses ininterruptos. Outra mudança será o pagamento proporcional ao
tempo trabalhado, do mesmo modo que ocorre atualmente com o 13º
salário, já que pela regra atual o benefício era pago igualmente para os
trabalhadores, independentemente do tempo trabalhado.
O seguro-desemprego também sofrerá
alterações. Se hoje o trabalhador pode solicitar o seguro após trabalhar
seis meses, com as novas regras ele terá que comprovar vínculo com o
empregador por pelo menos 18 meses na primeira vez em que solicitar o
benefício. Na segunda solicitação, o período de carência será de 12
meses. A partir do terceiro pedido, a carência voltará a ser de seis
meses.
Citando casos de acúmulo de benefícios no
seguro-desemprego do pescador artesanal, conhecido como seguro-defeso,
as regras também terão mudanças. A primeira mudança visa a vedar o
acúmulo de benefícios assistenciais e previdenciários com o
seguro-defeso. O benefício de um salário mínimo é pago aos pescadores
que exercem a atividade de forma exclusiva, durante o período em que a
pesca é proibida, visando a reprodução dos peixes.
Mercadante afirmou que “não faz sentido” o
trabalhador receber o seguro-defeso e concomitantemente o
seguro-desemprego ou o auxílio-doença, por exemplo. Além desta medida,
serão criadas regras para comprovar que o pescador comercializou a sua
produção por pelo menos 12 meses, além de ser criada carência de três
anos a partir do registro do pescador.
Com base em estudos de experiências
internacionais, o governo pretende criar uma carência de dois anos para
quem recebe pensão por morte. Outra intenção é exigir tempo mínimo de
dois anos de casamento ou união estável para que os dependentes recebam a
pensão. “Não dá para casar na última hora para simplesmente transferir o
benefício como em casamentos oportunistas que ocorrem hoje”, justificou
Mercadante.
A exceção é para os casos em que o óbito
do trabalhador ocorra em função de acidente de trabalho, depois do
casamento ou para o caso de cônjuge incapaz. Nova regra de cálculo do
benefício também será estipulada, e reduzirá o atual patamar de 100% do
salário-de-benefício para 50% mais 10% por dependente. Outra mudança é a
exclusão do direito a pensão para os dependentes que forem condenados
judicialmente pela prática de assassinato do segurado.
O auxílio-doença também sofrerá
alteração. O teto do benefício será a média das últimas 12
contribuições, e o prazo de afastamento a ser pago pelo empregador será
estendido de 15 para 30 dias, antes que o Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) passe a arcar com o auxílio-doença.
A única medida anunciada pelos ministros,
que valerá para todos os beneficiados, será o aumento da transparência
dos programas. Os nomes dos beneficiados, a que auxílio têm direito, por
qual motivo e quanto recebem são informações que, de acordo com
Mercadante, estarão disponíveis publicamente na internet, da mesma forma
que é hoje para quem recebe o Bolsa Família.
O ministro explicou que já existem
medidas de auditoria permanente no Bolsa Família, e disse que as
mudanças visam a dar isonomia à concessão dos programas. “Estamos
fazendo com critério, equidade, equilíbrio, preservando políticas,
direitos adquiridos. São ajustes e correções inadiáveis e
indispensáveis”, afirmou.
Durante o encontro, estiveram presentes
Carlos Eduardo Gabas, secretário-executivo do Ministério da Previdência
Social, que foi efetivado nesta segunda-feira (29) à frente da pasta;
Paulo Rogério Caffarelli, secretário executivo do Ministério da Fazenda;
Miriam Belchior, ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão; e Manoel
Dias, ministro do Trabalho e Emprego.
Os trabalhadores foram representados por
dirigentes da Central Única dos Trabalhadores, União Geral dos
Trabalhadores, Nova Central Sindical dos Trabalhadores, Central dos
Sindicatos Brasileiros e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do
Brasil.
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