terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Pelo menos 100 morrem em ataque talibã a uma escola no Paquistão

Principal grupo Talibã paquistanês reúne dezenas de facções radicais

O denominado Movimento dos Talibãs do Paquistão defende um Estado islâmico

Latif Mehsud (no centro), antigo número dois do Talibã paquistanês preso em 2013, na região tribal de Orakzai, em 2008. / a. majeed (afp)

O principal grupo Talibã paquistanês, o Movimento dos Talibãs no Paquistão (TTP na sigla em inglês), assumiu a autoria do ataque desta terça-feira a uma escola na cidade paquistanesa de Peshawar, no qual mais de uma centena de pessoas morreram, a maioria crianças. É o segundo atentado mais grave que o país sofreu em 15 anos, depois da onda de ataques suicidas em agosto de 2007.

O TTP é um guarda-chuva que agrupa cerca de trinta facções jihadistas armadas que pretendem estabelecer um Estado islâmico e que lutam contra o Governo de Islamabad. Nasceu em 2007, sob a liderança do Baitullah Mehsud -morto no ataque de um drone norte-americano em 2009- no calor da explosão da insurgência islamita contra o regime militar então liderado pelo general Pervez Musharraf. As autoridades paquistanesas acusam Baitullah Mehsud de ter orquestrado o assassinato da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto em dezembro de 2007, segundo um relatório elaborado por Zachary Laub e publicado pelo laboratório de ideias Council on Foreign Relations em novembro de 2013.
Hakimullah Mehsud, primo de Baitullah Mehsud, assumiu a liderança do TTP entre 2009 e novembro de 2013, quando morreu em outro ataque aéreo dos Estados Unidos. Os militantes do talibã paquistaneses escolheram então o mulá Fazlullah como líder. Fazlullah, que até o momento de sua nomeação tinha sido chefe do Talibã do vale do Swat, é acusado de ter ordenado o atentado contra a jovem ativista pelo direito à educação das meninas, Malala Yousafzai, que neste ano recebeu o prêmio Nobel da Paz e que nesta terça-feira condenou o ataque à escola de Peshawar.
A violência no Paquistão vem aumentando, principalmente a partir de 2007, pois os grupos terroristas atacaram políticos, militares e policiais, líderes tribais, a minoria xiita e escolas. Estas últimas costumam ser um objetivo do Talibã, especialmente os colégios para meninas. O ataque desta terça-feira é um dos piores dos últimos anos no país asiático, que sofreu no começo de novembro um atentado que causou 57 mortos e 112 feridos no posto fronteiriço de Wagah, na divisa do Paquistão com a Índia.
Segundo o recente relatório de um centro de estudos local, no ano passado houve no país mais de 1.700 ataques -61% deles realizados pelo TTP e seus aliados- nos quais morreram cerca de 2.500 pessoas, 19% a mais do que em 2012, informa a Agência Efe.

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